segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pintura

O sol, que olhava curiosamente este canto, já se tinha passeado por vários pontos da sala durante esta longa e curiosa observação. Já o prato abandonado ao jantar do dia anterior, uma argamassa de risolis e arroz, cujos restos ainda boiavam nas bordas, estava banhado em água no lava-louça e o telefone, afônico pelo toque ininterruptamente negligenciado, na minha cabeça ele liga, mas infelizmente não, ou liga, eu com todo meu fracasso não atendo, na mente absorvida, se fundido com a música de fundo.
Traçou um novo rosto, que se sentava ao lado do primeiro e delineou a luz do pelo de um animal (onça) abandonado no canto do quadro. Depois, afundou a cabeça nas mãos preenchidas de tinta, foi à cozinha, encheu um novo prato, comeu a mesma ementa que comera nas últimas noites e que preparara cuidadosamente uma semana antes, e voltou a sentar-se no banco frágil.

Nenhum comentário: