quarta-feira, 28 de maio de 2008


"ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo as folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como e devoraria você ah se ousássemos, não ousaria dizer que te vás, nem que te amo, apesar de tudo ser a mais pura verdade."

Ultimamente, todas as minhas reflexões sobre turbulências ou impasses em relacionamentos homem-mulher podem ser resumidas na frase-tema: É mais burralda quem varia as burrices com um mesmo homem ou quem varia os homens com as mesmas burrices? Cada vez mais eu tenho a certeza de que a primeira opção é a mais pura verdade.

Ser burra quando se ama é, no mínimo, natural. Mas acho que chega até a ser requisito básico: se você não comete burrices, não ama. E afirmo isso porque, mesmo quando não se é enganada/traída e se é plena e fielmente correspondida, só o fato de estar apaixonada faz com que cometamos aquelas bobeiras deliciosas da paixonite-aguda, tipo falar que nem criança ou fazer uma tatuagem com as iniciais do futuro-ex para depois tirar com laser.

Ou seja: a burrice é intrínseca ao ser humano que realmente ama. Então, nem me venha botar a culpa naquele safado que pegou a sua prima. A burrice é só sua, que acreditou nele. Se a virtude da burrice é sua, a culpa da burrice também é única e exclusivamente sua. (E nem adianta usar isso como desculpa pra tentar colocá-la em alguém, tipo “se é minha, eu a coloco em quem quiser”.)

Sendo assim, podemos concluir que burra você sempre vai ser, com as suas burrices características, pensando da mesma maneira e se iludindo com os mesmos sonhos. A única variável que resta nessa história é a outra pessoa. É dela que depende apenas um detalhe: se você é ou não deprimentemente burra.

O que estou tentando dizer é o seguinte…

Variar de homens com a mesma burrice significa simplesmente que você está sendo você mesma e, se ainda não deu certo com alguém, alguma hora você chega lá, encontrando alguém que te faça cometer apenas aquelas burrices boas de que falei. Você quebra a cara por uma boa causa, pelo simples motivo de que, se você não experimentar, você não vai saber. Tentativa e erro, só isso. Um dia acertamos, essa é a lógica da vida.

Por outro lado, se você varia as burrices (ruins) com o mesmo homem, acredite, você está sendo burra não no sentido burráldico/amoroso, mas no sentido literal e intelectual da coisa. Até porque, uma pessoa que te faz uma coisa ruim uma vez, vai fazer sempre. E, a não ser que você seja masoquista, isso não é nem um pouco legal. Olha, “colega”, até os hamsters aprendem que, quando tocam a campainha 1, ganham comida e, quando tocam a campainha 2, levam um choque – e param de apertar a tal da campainha 2. Por que você continuaria apertando?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ufa, que aqui já não estás. Chorei pelo dia que fostes. Saíste suavemente, pela ponta da língua, dos dedos, dos cabelos. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada. Te escoei, apenas. Vieste agarrado a umas poucas lágrimas, apanhaste boleia nelas, como se descesses uma onda, e escorreste pela minha cara até o chão. Eu, a fungar e a limpar o caminho, e tu, a saíres aos poucos: primeiro um braço, depois o outro, a seguir as pernas, os pés, o sorriso, depois você, inteiro. Não sei que fenômeno físico se deu, que reação química ocorreu, para que me desintoxicasse assim de você, finalmente frígida, finalmente fútil. Escorreu a vontade de te rever, esqueci aquilo que ainda achava ter para te dizer; esgotaram-se as saudades que éramos suposto, um dia destes a matar, com horas de conversa fiada e vista para o rio. Hoje, pergunto como foi possível, ter durado tanto tempo, aquele estranho amor invertebrado, teimoso e atrevido; ter marinado, curtido, defumado, assim, dentro de mim. Agora sou livre, constato, sem esforço: não mais as pernas apertadas de desejo nas curvas traiçoeiras da noite. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada, apenas deixar o tempo e a distância, obreiros do desamor, trabalharem entre nós, cavando a dissolução dos contornos do outro. Ufa, que aqui já não estás. Chorei. Coração já preenchido e você? Não mais.

A voz


Espera aí,
Nem vem com essa história
Eu nem quero ouvir
Não dá pra te esquecer agora
Como assim?
Você disse que me amava tanto ontem
Eu juro que ouvi
Calma aí!
Que diabo você tá dizendo agora?
Que onda é essa de outro lance pra viver?
Você nem pode tá falando sério
Vivi pra você
Morri pra você
Pois então vai
A porta esteve aberta o tempo todo, sai
O que está esperando? Você sabe voar
Então tá bom
É, senta e conta logo tudo devagar
Não minta, não me faça suportar
Você caindo nesse abismo enorme
Tão fora de mim
Tá legal
É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?
Cê vai viver pra outra vida
E eu fico aqui
Na vida que ficou em minha vida
Tão perto de mim
Tão longe de mim
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Mas se quiser, vai
A porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar De volta pra mim
De volta pra mim...

segunda-feira, 19 de maio de 2008


-Oi?!
-Oi.
-Quer dançar?!
-Não
-(choro) .. (choro)

Palavras tem poder, tão simples e tão intensas
Estou bem melhor, assim!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Eu tinha medo de encontrá-lo e ser reincidente
Fraquejar de novo como antigamente, pelo recomeço do que teve fim...
Ao vê-lo eu tive a certeza que a dúvida acabou chorei, mas '' rindo, doeu mas passou
Você está vivo, mas morreu pra mim...
O tempo que me abriu os olhos me fez despertar, ninguém é cego a vida toda podendo enxergar
O nosso romance acabou num passe de mágicas como personagens dessa história trágica!
Fomos namorados hoje somos ex...foi muito melhor ficar 'sem', do que ficar 'com'
Tentar foi um erro, acabar foi bom
Quem gosta por dois padece por três
Eu tenho emendado as juras que você quebrou
A vida não pára só porque que a gente parou...
Eu era refém do seu corpo você do meu beijo
Se sobrou ciúmes, se faltou desejo agora é passado recordar pra que?
Estamos novamente livres em novo endereço, toda liberdade tem que ter um preço
E eu ganhei a minha perdendo você!
O tempo que me abriu os olhos me fez despertar ninguém é cego a vida toda podendo enxergar
Você não é mais meu Deus nem eu sou sua ninfa
E a gente partiu dividindo um nós, por dois eus...

terça-feira, 13 de maio de 2008




Porque me atrevi aos beijos que te dei, nem eu o sei. Apenas guardo comigo a consciência quase dolorosa de que, por ti, teria atrevido cada vez mais, me entregado cada vez mais, te queria cada dia um pouco mais te amado assim e sempre. Tenho em mente cada momento soberbo vivido e por ti um amor atrevido. Ou teria apenas acabado ainda mais cedo, num degelo precoce das nossas vontades alfandegárias? Perplexamente te amo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Parabéns a minha falta de criatividade neste exato momento.

terça-feira, 6 de maio de 2008


''Ah, se já perdemos a noção da hora se juntos já jogamos tudo fora me conta agora como hei de partir. Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios rompi com o mundo, queimei meus navios me diz pra onde é que inda posso ir ?! Se nós, nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas diz com que pernas eu devo seguir?! Se entornaste a nossa sorte pelo chão se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu.. Como, se na desordem do armário embutido meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato inda pisa no teu.. Como, se nos amamos feito dois pagãos teus seios inda estão nas minhas mãos me explica com que cara eu vou sair?! Não, acho que estás só fazendo de conta te dei meus olhos pra tomares conta agora conta como hei de partir''


Eu te amo do velho Chico Buarque

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Dá-me um sinal de que também tu andas meio coxo, os tornozelos do coração torcidos de tanto tropeçares nas sarjetas do tempo e te enfiares nos buracos do caminho de cabras que é esta nossa história, mais além mais aquém. Mostra-me que ainda me tens agarrada à pele e que de nada te valeu tentares esfoliar-me e que, por mais duchas que tomes à noite, te deitas por vezes comigo. Sei que não sabes que estas palavras são minhas e que só por um acaso me descortinarias aqui. E, a tropeçares em mim, te vejo em dúvida, será ela? Não, não sabes: não podes saber, afinal, quantos milhões de pessoas mundo a fora se terão já apaixonado e vagado assim à toa, desencabrestadas e a açoitar a dor pelos dedos, a reboque de um timming filho da puta, impossível de vergar à sua vontade? Sou apenas mais uma das que sofrem de um Amor ao mesmo tempo estigmático e míope: que se dá mal ao longe e não se enxerga (dá-me um sinal).

sábado, 3 de maio de 2008


Mais um dia em que me embalo e aconchego no quentinho das lembranças e das vontades por cumprir, que nascem do rasto mentiroso das primeiras. Não sei se te dê a mão e te pegue ou te deixe na roda do convento para que outras te amparem, ou então te esqueça para sempre no canto mais remoto do infantário, enroscado no teu umbigo a murmurares colo. Não sei se te puxe, se te empurre, se te amarre uma venda e te rodopie obrigando-te à cabra cega, ou se te dê o peito e te alimente como uma loba que se rói de prazer e saiamos por aí a fundar cidades, daquelas importantes, rodeadas de portos marítimos bons para o comércio e para as guerras. Dava-me um jeito danado, esquecer-me da superlatividade dos teus beijos. Acredita que deitaria muitas menos palavras fora.



"Sempre lhe faltara o sentido de orientação.Não se espantou portanto, por tão facilmente se ter perdido nos seus braços"