quarta-feira, 28 de maio de 2008


"ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo as folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como e devoraria você ah se ousássemos, não ousaria dizer que te vás, nem que te amo, apesar de tudo ser a mais pura verdade."

2 comentários:

Bruno S. disse...

Não sei o que gostei mais, se as imagens-palavras ou a força do sentimento que elas passam...

Anônimo disse...

completando o comentário acima, a força dos sentimentos nas entrelinhas gerando imagens-palavras...